domingo, 21 de novembro de 2010

Vergonha!!!

A vergonha é algo bem conhecido pelos alcoólatras, talvez poucos tenham uma experiência tão intensa com ela. Por vezes uma revelação desproposita, um telefonema ou um e-mail feito na madrugada, uma taradice, histórias inventadas. O Ridículo, é isso, a relação do alcoólatra com o ridículo é forte e intima. Por vezes quando acordo e tento lembrar das coisas que fiz e falei, ainda deitado na cama, me parece que o mundo não tem mais ordem, nem gravidade, nem lógica de funcionamento, as imagens e as pessoas aparecem cortadas em camadas, as cores viram e desviram seus negativos, não há mais ordem na minha vida e não há mais ordem no mundo. Isso na verdade não vem à cabeça naturalmente, o mais fácil é querer ficar na cama o resto do dia, sonhando, imaginando, me escondendo, mas pensar no mundo e nas imagens sem a ordem comum delas é uma forma de levantar e tentar fazer as coisas que precisam ser feitas, que quero fazer. No extremo, o ridículo ajuda a sair do mundo onde eu sou apenas aquela personagem. A vergonha, no extremo, faz pensar que é preciso encarar e que se foda, já foi feito, ou continuo ou volto a beber. Mas beber tem limites, não se pode beber a toda hora, o corpo não agüenta, se quer beber precisa pagar a pinga, precisa estar vivo, precisa ter corpo.

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