segunda-feira, 21 de março de 2011

Ressaca dos sentimentos

Difícil saber o porquê eu tenho escolhido beber. Ontem eu poderia ter ficado cá em casa a cuidar das minhas coisas, tentando não me preocupar com minhas unhas, comendo uma pizza com meus pais, trocando carinhos com a ***, talvez deitar e assistir um filme. Mas o que será que faz isso por vezes parecer não estar de acordo com minhas aspirações, essa vida parecer, no fim, não ser mais do que o cumprimento de um gabarito? A tristeza quase pacata e conformada que sinto agora é por uma percepção de que não adianta grandes lamentações, a mudança que quero operar em minha vida não passa pelo simples ato de parar de beber, mas por uma motivação que eu não sei exatamente onde está. Não posso cair no fatalismo de pensar que esse mundo não me reserva nada mais do que viver em uma superfície de mim mesmo, sem grandes paixões, sem grandes descobertas.
Quanto a minha querida ***, não sei o que fazer. Ocorre-me uma vontade de escrever para ela e expor minha fraqueza em busca de algo como compreensão e carinho. Por vezes isso me parece justo e pertinente já que agora ela faz parte de minha vida emocional e a forma como ela tem funcionado, mesmo que regada a álcool, é essa. Por outro lado, nada ela pode fazer. Não há, de fato, uma separação grande entre o “eu” que entornou o primeiro copo ontem, aquele mesmo que ela rejeitou, e o “eu” desse momento. A tristeza que me ocorre agora é um momento do mesmo processo, do mesmo acontecimento.

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