quinta-feira, 17 de março de 2011

"necessidade" do alcool

As dores que sinto em meu corpo me causam um receio de morrer antes de conseguir sair dessa vida, desse buraco em que estou. Tem sido cada vez mais difícil beber. A pinga e o vinho de péssima qualidade que meu pouco dinheiro me permite comprar não são mais bem aceitos pelo meu corpo que reclama uma trégua. Meter goela abaixo essas tranqueiras para poder me esquecer das minhas dores tem sido cada vez menos prazeroso. Mas não consigo sair disso assim como não consigo sair da presença cada vez mais incomoda dos meus pais e, sobretudo, da presença de mim mesmo quando estou perto deles. Sou raivoso, inquieto, amargo, rude e folgado quando estou perto deles. Não pareço nem de longe o ser humano que em certos momentos fez eu gostar de estar em minha companhia. A possibilidade de eu levar isso adiante poupando meu corpo e me concentrando na travessia que supostamente me prepara sentimentos melhores me parece cada vez mais remota. É claro que essa travessia não pode existir enquanto eu não existir. Não me sinto, ignoro na maior parte do tempo o meu corpo e o sentido das coisas que sinto e faço. Minha vontade é ignorar meus pais, fazê-los entender que eles não me ajudam, mas me sufocam, que permitir que eu beba jogado num quarto sozinho não é me entender. Qualquer tentativa de eu sair disso é logo direta ou sutilmente vigiada, medida, questionada. Ou eu morro ou eu definho nessa casa.

Um comentário:

  1. Em psicologia, necessidade é a sensação da falta de alguma coisa indispensável, útil ou cômoda ao homem

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