terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Álcool é uma aventura ao alcance dos covardes”

21:42. A sensação de estar satisfeito por vezes me aparenta, como hoje. De repente as coisas parecem estar em ordem, coisas que por vezes eu desejava em sonhos e devaneios parecem estar acontecendo. Mas a felicidade é tão efêmera quanto a dor, as duas coisas por vezes cria desejo de morrer. Eu poderia morrer agora, penso. Minha covardia não é por medo da felicidade, nem da dor, mas do futuro, do que eu ainda não sei. É como um miserável que ao ganhar uma fortuna se agarra a ela e se torna mesquinho, quer guardá-la a sete chaves, quer cristalizar o momento e nunca mais deixar aquele estado. Não, não é assim, não há nenhuma conquista que nos garanta um final feliz, nem há um caminho linear para a felicidade, para a satisfação, assim como não há dor que signifique a derrota, a vida é feita de rupturas. Eu já me senti feliz a ponto de parecer que eu poderia abraçar o mundo, assim como triste a ponto de... Não há como assegurar as conquistas nem evitar as derrotas, só se faz isso quando se deixa de viver. Você pode até tentar tornar a vitória perene, pode até ter êxito por um tempo, mas não pode reproduzir a satisfação da vitória por nem mais um segundo após ela ter acontecido. Não há medo de ser feliz, há medo de deixar de ser feliz, de ter e perder. O grande vício na vida é o medo de ser tocado, ser afetado. Por vezes conhecemos nossa dor tão bem que é mais cômodo ficar nela do que arriscar ter novas satisfações. É como a volúpia do enfermo ou do mal amado: “onde estou eu conheço, se sair daqui corro o risco de cair de novo”.

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