terça-feira, 23 de novembro de 2010

"História de Amor duram Apenas 90 Minutos"

Quem assistiu a esse filme de Paulo Halm talvez nem tenha reparado, o uso do Álcool (e outras drogas) pelo protagonista perpassa quase toda história. O álcool não tem na história um foco, é claro, mas ele aparece como um elemento que compõe a forma do Zeca funcionar em meio aos seus medos, suas frustrações, seus desejos. Mostrar o uso do álcool como um elemento que não determina o comportamento, os desejos, que não transforma o alcoólatra em mero doente cujas vontades e falas são reduzidas a sintomas (como quer o AA, por exemplo), mas ao contrário, como algo que atravessa essas vontades, a vida, que acontece ao mesmo tempo em que a vida, me pareceu uma das grandezas desse filme. Há cenas em que Zeca claramente, ao se sentir em dilemas, recorre ao álcool ou a outras drogas (vide, por exemplo, quando ele começa a imaginar a namorada dele “ficando” com a amiga numa festa, ou quando ele está a ponto de trair a namorada, ou quando ele tenta conversar com o seu pai, entre outras). Pobres filmes que banalizam o alcoólatra, que o reduzem a mero doente ou o desqualificam a quase semi-humano.

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